Monday, August 16, 2010
Bilhete
Eu não te conheço. Eu não sei o seu nome. Não sei quais são seus gostos, suas vontades, não conheço o que te pulsa a alma.
Mas estou apaixonada pelo seu sorriso. Seus olhos são como portais que me levam a um lugar onde eu nunca tive mas onde me sinto como se estivesse em casa.
Minhas mãos estão tremendo enquanto tomo meu xícara de café simplesmente por tê-lo por perto.
Eu me sinto como uma adolescente, como se tivesse quinze anos de novo.
Esse momento é o presente que eu vou levar comigo...
Mas estou apaixonada pelo seu sorriso. Seus olhos são como portais que me levam a um lugar onde eu nunca tive mas onde me sinto como se estivesse em casa.
Minhas mãos estão tremendo enquanto tomo meu xícara de café simplesmente por tê-lo por perto.
Eu me sinto como uma adolescente, como se tivesse quinze anos de novo.
Esse momento é o presente que eu vou levar comigo...
Metrô
Estava distraída. E em pé, mais uma vez.
Em plena segunda-feira, o duro recomeço.
Começou, por falta de vontade de pensar no trabalho antes de chegar lá, a olhar as outras pessoas.
Por que a grande maioria delas ia tão sizuda ?
Olhares tristes, testas marcadas por preocupações, sombrançalhas raivosas.
Só uma menina sorria. Em pé, segurando o apoio como se estivesse num passeio de windsurf. Quase era possível ver o vento a balaçar-lhe os cabelos, quase era possível ver a onda a respingar-lhe no rosto. Os olhos dela sorriam também.
Mas o executivo estava perdido nos pensamentos sombrios. A moça humilde, que seria até bonita se a vida não a tivesse tratando tão mal, quase envergava sobre o assento. Será que ela podia ter reagido?
Será que aquelas pessoas poderiam ter uma postura diferente em relação à vida, uma que as fizesse ter um semblante mais ameno.
Ela pensou que queria morrer bem velha, e queria chegar lá bonitona, como aquela moça do final do vagão que tinha jeito de diretora de design. E decidiu que não ia mais franzir a testa. E viu que pra um dia chegar a ser a velhinha que ela queria, tinha que ter vida. E pra ter vida, tinha que sorrir. Mesmo que fosse das próprias agruras. Porque agrura todo mundo tem. Todas aquelas pessoas que ela via ali pela primeira (e única) vez tinham. Mas a sua resposta, com certeza, seria diferente.
Em plena segunda-feira, o duro recomeço.
Começou, por falta de vontade de pensar no trabalho antes de chegar lá, a olhar as outras pessoas.
Por que a grande maioria delas ia tão sizuda ?
Olhares tristes, testas marcadas por preocupações, sombrançalhas raivosas.
Só uma menina sorria. Em pé, segurando o apoio como se estivesse num passeio de windsurf. Quase era possível ver o vento a balaçar-lhe os cabelos, quase era possível ver a onda a respingar-lhe no rosto. Os olhos dela sorriam também.
Mas o executivo estava perdido nos pensamentos sombrios. A moça humilde, que seria até bonita se a vida não a tivesse tratando tão mal, quase envergava sobre o assento. Será que ela podia ter reagido?
Será que aquelas pessoas poderiam ter uma postura diferente em relação à vida, uma que as fizesse ter um semblante mais ameno.
Ela pensou que queria morrer bem velha, e queria chegar lá bonitona, como aquela moça do final do vagão que tinha jeito de diretora de design. E decidiu que não ia mais franzir a testa. E viu que pra um dia chegar a ser a velhinha que ela queria, tinha que ter vida. E pra ter vida, tinha que sorrir. Mesmo que fosse das próprias agruras. Porque agrura todo mundo tem. Todas aquelas pessoas que ela via ali pela primeira (e única) vez tinham. Mas a sua resposta, com certeza, seria diferente.
Tuesday, January 31, 2006
Tarde
Caía a tarde.
Ainda estava quente, mas o sol já ia se pôr.
E assumindo de vez o novo hábito, pôs-se ali, sentada, a contemplar.
E o seu silêncio era tão profundo que ela quase se misturava ao vai-e-vem das ondas, quase se dissipava na energia dos raios de sol.
Uma paz profunda lhe preenchia a alma. E nada mais.
Ela tinha tratado de se esvaziar. E ao se esvaziar, se encontrou.
O último raio reluziu, e fez cintilar o anel. A lua e a estrela. Conforme Caetano cantou.
Ainda estava quente, mas o sol já ia se pôr.
E assumindo de vez o novo hábito, pôs-se ali, sentada, a contemplar.
E o seu silêncio era tão profundo que ela quase se misturava ao vai-e-vem das ondas, quase se dissipava na energia dos raios de sol.
Uma paz profunda lhe preenchia a alma. E nada mais.
Ela tinha tratado de se esvaziar. E ao se esvaziar, se encontrou.
O último raio reluziu, e fez cintilar o anel. A lua e a estrela. Conforme Caetano cantou.
Sunday, January 29, 2006
Brisa
A tarde estava cinza.
Mas não no seu coração.
O vento lhe balançava os cabelos. Mais uma vez.
Só que agora era a bonança.
Depois da tempestade, finalmente.
Por vezes, pensou que não fosse resistir. Por vezes pensou que seria engolida pela chuva forte, carregada pela correnteza, e muitas foram as vezes que quase esgotou com suas forças.
Por surpresa, acabou se mostrando mais forte do que imaginava ser.
E agora era bonança.
O céu podia estar cinza, o dia podia estar escuro.
Não importava. Pois carregada dentro de si o dourado pôr-do-sol.
E o vento, agora, era brisa, brisa com cheiro de mar.
Mas não no seu coração.
O vento lhe balançava os cabelos. Mais uma vez.
Só que agora era a bonança.
Depois da tempestade, finalmente.
Por vezes, pensou que não fosse resistir. Por vezes pensou que seria engolida pela chuva forte, carregada pela correnteza, e muitas foram as vezes que quase esgotou com suas forças.
Por surpresa, acabou se mostrando mais forte do que imaginava ser.
E agora era bonança.
O céu podia estar cinza, o dia podia estar escuro.
Não importava. Pois carregada dentro de si o dourado pôr-do-sol.
E o vento, agora, era brisa, brisa com cheiro de mar.
Tuesday, November 22, 2005
Mosaico
Ele não sabia se aquilo era realidade ou sonho....aliás, pesadelo.
Mas era aquela visão que não lhe saía da cabeça: ela com o outro.
O outro no lugar que, antes, ele ocupava.
E aquela imagem se multiplicava, formando um painel. E então o painel se quebrava e os cacos iam quase que formando um mosaico.
Então, tudo se apagava.
Acordou.
Mas não conseguiu mais dormir.
Todas as vezes que fechava os olhos, os cacos reapareciam, qual um quebra-cabeça.
Passou a noite em claro.
Mais uma noite. Mas jurou a si mesmo que aquela seria a última.
Mas era aquela visão que não lhe saía da cabeça: ela com o outro.
O outro no lugar que, antes, ele ocupava.
E aquela imagem se multiplicava, formando um painel. E então o painel se quebrava e os cacos iam quase que formando um mosaico.
Então, tudo se apagava.
Acordou.
Mas não conseguiu mais dormir.
Todas as vezes que fechava os olhos, os cacos reapareciam, qual um quebra-cabeça.
Passou a noite em claro.
Mais uma noite. Mas jurou a si mesmo que aquela seria a última.
Monday, October 31, 2005
Alforria
Tenha coragem de dizer que foi pra isso que você veio.
Ao menos uma vez.
Chega de meias palavras. Você sabe que é nelas que eu me seguro.
Mas eu não quero mais me segurar. Eu quero ir, quero me deixar levar, quero te deixar sair de uma vez por todas da minha vida.
Quer saber de uma coisa?
Como eu sei que você não vai falar, que o tempo ainda não foi o suficiente pra te ensinar, eu já sofri o suficiente pra aprender a não deixar as portas entre-abertas.
Toma ! Tá aqui ! É a alforria que você quer? Eu te dou. Toma sua alforria.
Você está livre de mim. Definitivamente.
Você tem a minha permissão pra seguir a tua vida.
Você tem a minha permissão pra seguir sem mim. Vai. Vai logo.
Você tem tua liberdade.
Mas vai e não volta. Não volta nunca mais aqui pra me esperar.
Some, que nem poeira. Some na estrada da vida.
E não volta nunca mais aqui pra me esperar.
Ao menos uma vez.
Chega de meias palavras. Você sabe que é nelas que eu me seguro.
Mas eu não quero mais me segurar. Eu quero ir, quero me deixar levar, quero te deixar sair de uma vez por todas da minha vida.
Quer saber de uma coisa?
Como eu sei que você não vai falar, que o tempo ainda não foi o suficiente pra te ensinar, eu já sofri o suficiente pra aprender a não deixar as portas entre-abertas.
Toma ! Tá aqui ! É a alforria que você quer? Eu te dou. Toma sua alforria.
Você está livre de mim. Definitivamente.
Você tem a minha permissão pra seguir a tua vida.
Você tem a minha permissão pra seguir sem mim. Vai. Vai logo.
Você tem tua liberdade.
Mas vai e não volta. Não volta nunca mais aqui pra me esperar.
Some, que nem poeira. Some na estrada da vida.
E não volta nunca mais aqui pra me esperar.
Monday, September 12, 2005
Resposta
Não sei nem direito o que te escrever. Mas senti necessidae de fazê-lo.
Às vezes acho que não temos mais nada a dizer um ao outro - ainda mais quando vejo aquela foto e leio aquelas coisas...
Mas não quero deixar de fazer um comentário. Não quero "deixar pra lá..."
É engraçado ver como você me vê exatamente da forma como eu te vejo - e que estamos tão errados um em relação ao outro.
Você diz que anda batendo cabeça. Pra mim sua vida estava feita. Você é independente, tem sua casa, tem suas coisas, tomou suas decisões. Tem novos amigos, tem até um novo amor. Você fez e refez sua vida. Bem resolvido. Pra mim, a impressão é de que eu faço parte de um passado já superado, e que nossa história ficou para lembrança, quando muito, lembrança.
Eu queria te dizer que se pra você parece que eu sigo meus planos como eu tinha planejado, nossa!, não é assim. Talvez, olhando de um certo ângulo eu até pareça que sim, mas só porque tenho mudado muito de planos. O que eu mais tinha planejado para minha vida não aconteceu. Fui forçada a replanejar minha vida sem você. O que eu mais tinha planejado para minha vida era estar com você para todo o resto dela. Portanto, na minha vida não estou, definitivamente, seguindo meus planos como eu tinha planejado. Estou precisando me reinventar. E isso é muito difícil. Já foi pior, já foi de uma forma mais desesperada, mas hoje ainda continua muito árido. É um trabalho de formiguinha...
Não vou mentir te dizendo que está tudo ruim, porque estaria sendo, no mínimo, injusta com Deus, que tem me dado tanta coisa boa. Meu trabalho está me apresentando oportunidades legais, apesar de ter comido o pão que o diabo amassou por uns tempos. Minha família, linda, está sorridente. Quantos amigos e amigas tenho descoberto! Com A maiúsculo, aqueles amigos que realmente importam. Tenho conseguido me divertir.
Mas nem tudo são flores. Eu me deixei abater, a saúde gritou e estou até agora tendo que cuidar dos meus desequilíbrios. Causa? Emocional...
E o coração, este está vazio. E isso dói. Dói muito. Ainda dói pacas. Às vezes chega a ser quase físico.
Mas serviu pelo menos pra eu aprender um monte de coisas: hoje eu vejo e penso muitas coisas de uma forma diferente. Hoje eu vejo muito mais os seus defeitos. E enxergo, também, muito mais claramente os meus. Hoje me conheço bem mais, e acho que compreendo muito mais coisas a respeito de mim, de você, das nossas reações um ao outro, e de todas as coisas do nosso relacionamento do que antes. Hoje eu perdôo tantas coisas que não perdoei, e hoje eu cobro tantas outras coisas que não cobrei.
Nem sei porque estou te respondendo, dizendo tudo isso. Já que, apesar de você ainda morar no meu coração também, agora, isso já não te importa mais...
Acho que foi porque escutei um CD do chico hoje de manhã, e uma das músicas me fez lembrar de nós dois...
Ah, se já perdemos a noção da horaSe juntos já jogamos tudo fora Me conta agora como hei de partir
Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios Rompi com o mundo, queimei meus navios Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós, nas travessuras das noites eternas Já confundimos tanto as nossas pernas Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão Se na bagunça do teu coração Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armário embutido Meu paletó enlaça o teu vestido E o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos Teus seios inda estão nas minhas mãos Me explica com que cara eu vou sair
Não, acho que estás só fazendo de conta Te dei meus olhos pra tomares conta Agora conta como hei de partir
Às vezes acho que não temos mais nada a dizer um ao outro - ainda mais quando vejo aquela foto e leio aquelas coisas...
Mas não quero deixar de fazer um comentário. Não quero "deixar pra lá..."
É engraçado ver como você me vê exatamente da forma como eu te vejo - e que estamos tão errados um em relação ao outro.
Você diz que anda batendo cabeça. Pra mim sua vida estava feita. Você é independente, tem sua casa, tem suas coisas, tomou suas decisões. Tem novos amigos, tem até um novo amor. Você fez e refez sua vida. Bem resolvido. Pra mim, a impressão é de que eu faço parte de um passado já superado, e que nossa história ficou para lembrança, quando muito, lembrança.
Eu queria te dizer que se pra você parece que eu sigo meus planos como eu tinha planejado, nossa!, não é assim. Talvez, olhando de um certo ângulo eu até pareça que sim, mas só porque tenho mudado muito de planos. O que eu mais tinha planejado para minha vida não aconteceu. Fui forçada a replanejar minha vida sem você. O que eu mais tinha planejado para minha vida era estar com você para todo o resto dela. Portanto, na minha vida não estou, definitivamente, seguindo meus planos como eu tinha planejado. Estou precisando me reinventar. E isso é muito difícil. Já foi pior, já foi de uma forma mais desesperada, mas hoje ainda continua muito árido. É um trabalho de formiguinha...
Não vou mentir te dizendo que está tudo ruim, porque estaria sendo, no mínimo, injusta com Deus, que tem me dado tanta coisa boa. Meu trabalho está me apresentando oportunidades legais, apesar de ter comido o pão que o diabo amassou por uns tempos. Minha família, linda, está sorridente. Quantos amigos e amigas tenho descoberto! Com A maiúsculo, aqueles amigos que realmente importam. Tenho conseguido me divertir.
Mas nem tudo são flores. Eu me deixei abater, a saúde gritou e estou até agora tendo que cuidar dos meus desequilíbrios. Causa? Emocional...
E o coração, este está vazio. E isso dói. Dói muito. Ainda dói pacas. Às vezes chega a ser quase físico.
Mas serviu pelo menos pra eu aprender um monte de coisas: hoje eu vejo e penso muitas coisas de uma forma diferente. Hoje eu vejo muito mais os seus defeitos. E enxergo, também, muito mais claramente os meus. Hoje me conheço bem mais, e acho que compreendo muito mais coisas a respeito de mim, de você, das nossas reações um ao outro, e de todas as coisas do nosso relacionamento do que antes. Hoje eu perdôo tantas coisas que não perdoei, e hoje eu cobro tantas outras coisas que não cobrei.
Nem sei porque estou te respondendo, dizendo tudo isso. Já que, apesar de você ainda morar no meu coração também, agora, isso já não te importa mais...
Acho que foi porque escutei um CD do chico hoje de manhã, e uma das músicas me fez lembrar de nós dois...
Ah, se já perdemos a noção da horaSe juntos já jogamos tudo fora Me conta agora como hei de partir
Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios Rompi com o mundo, queimei meus navios Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós, nas travessuras das noites eternas Já confundimos tanto as nossas pernas Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão Se na bagunça do teu coração Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armário embutido Meu paletó enlaça o teu vestido E o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos Teus seios inda estão nas minhas mãos Me explica com que cara eu vou sair
Não, acho que estás só fazendo de conta Te dei meus olhos pra tomares conta Agora conta como hei de partir
Quase
Era quase uma dor física.
Sentia dilacerado o peito. Como se realmente alguém tivesse arrancado seu coração dali.
Chegava a sentir o frio do espaço aberto. O vento do oco.
Era como se sua vida tivesse esvaziado. Vida vazia de sentido, vazia de direção, quase vazia de motivação - não fosse a teimosia de continuar respirando, continuar andando, continuar falando, continuar trabalhando, continuar tocando a vida como se nada estivesse acontecendo.
Mas esta era a verdade nua e crua: nada estava acontecendo.
Era a ausência.
Isso era o que doía.
Mas não era ausência de tudo e de todos. Afinal, tudo estava ali e quase todos estavam ali.
Quase todos.
Só faltava uma única pessoa.
Aquela que naquele momento representava tudo.
Sentia dilacerado o peito. Como se realmente alguém tivesse arrancado seu coração dali.
Chegava a sentir o frio do espaço aberto. O vento do oco.
Era como se sua vida tivesse esvaziado. Vida vazia de sentido, vazia de direção, quase vazia de motivação - não fosse a teimosia de continuar respirando, continuar andando, continuar falando, continuar trabalhando, continuar tocando a vida como se nada estivesse acontecendo.
Mas esta era a verdade nua e crua: nada estava acontecendo.
Era a ausência.
Isso era o que doía.
Mas não era ausência de tudo e de todos. Afinal, tudo estava ali e quase todos estavam ali.
Quase todos.
Só faltava uma única pessoa.
Aquela que naquele momento representava tudo.
Sunday, September 11, 2005
Essa saudade
Ela observava de longe a vida que acontecia ao seu redor.
Essa saudade vai passar, ela pensava. Era só uma questão de tempo.
Porque as pessoas passavam por ela, as horas passavam, o sol esquentava e depois a tarde caía.
Se tudo passa, ela pensava, então essa saudade também vai passar.
E ela se lembrou do Chico. Num dos seus mais conhecidos versos, ele já lhe acalmava: vai passar!
Contudo, ele ia mais longe. Ele também sabia que a "saudade dói como um barco que aos poucos descreve um arco e evita atracar no cais".
Continuava a olhar as árvores, o vento fazendo tremer as suas sombras. Por trás do vidro da janela, o sol não esquentava.
Mas ela preferia achar que ia passar...
Essa saudade vai passar, ela pensava. Era só uma questão de tempo.
Porque as pessoas passavam por ela, as horas passavam, o sol esquentava e depois a tarde caía.
Se tudo passa, ela pensava, então essa saudade também vai passar.
E ela se lembrou do Chico. Num dos seus mais conhecidos versos, ele já lhe acalmava: vai passar!
Contudo, ele ia mais longe. Ele também sabia que a "saudade dói como um barco que aos poucos descreve um arco e evita atracar no cais".
Continuava a olhar as árvores, o vento fazendo tremer as suas sombras. Por trás do vidro da janela, o sol não esquentava.
Mas ela preferia achar que ia passar...